Que tal “abrir mão” do controle?
É habitual e pode ser saudável querer ter controle sobre a vida. Em algumas situações como por exemplo a antecipar perigos. De um ponto de vista da evolução, o desejo de manter controle parece ter significado adaptativo. Queremos dizer com isto que, o desejo de uma vida menos vulnerável e mais controlada não constitui um problema. O mesmo não poderemos dizer quando a insegurança, a dúvida, a desconfiança ou o medo nos leva a ver perigos em lugares seguros ou a antecipar só o que é errado na vida.
Ao vivenciar o controle como forma de combater a sua insegurança, tenderá a criar os seus dias num tormento. E em vez de viver plenamente momento a momento, torna-se atafulhado com pensamentos que possibilitam a construção de um mundo distorcido por percepções de insegurança.
Se a necessidade de controle já se tornou demasiado importante para si, provavelmente será mais susceptível a determinadas armadilhas: afirmações do dever ser, “e se…”, visão de túnel, leitura da mente, “tem que”, pensamento a preto e branco e chamar nomes.
- Afirmações do dever ser: “Devo ter mais sucesso”; “Devo ser um filho exemplar”. Estas afirmações evocam um sentimento de culpa e de falhanço. A alternativa saudável é evitar este tipo de afirmações substituindo-as por afirmações como “Quero ter mais sucesso”; “Seria boa ideia estar mais atento aos meus pais”.
- “E Se…”: “E se eu não conseguir o emprego?”. Trata-se de uma antecipação do problema antes de acontecer. A alternativa saudável é compreender que os “E se…” minam a sua autoconfiança perseverando a ideia de que só pode estar seguro se conseguir antecipar a vida antes de acontecer.
- Visão de Túnel: ou afunilamento do campo perceptivo. “Não consigo fazer nada certo”. Em vez de ver o quadro total, vêm-se apenas aspectos escolhidos da situação. A alternativa é compreender que a vida é raramente limitada a um ponto de vista, uma opção ou uma solução.
- Ler a mente: “As pessoas pensam que eu sou um chato”. Ler a mente é uma tentativa de interpretar as acções das outras pessoas como se soubesse o que elas estão a pensar. Como alternativa insista na verdade objectiva. Faça perguntas em vez de se pôr a adivinhar.
- Ter que: “Tenho que ter sucesso”; “Não tenho escolha”. O “ter que” é semelhante à visão de túnel na medida em que o seu campo perceptivo se estreita até aquilo que sente que deve fazer. Enquanto a visão de túnel limita as suas escolhas perceptivas, o pensamento “ter que” elimina as suas escolhas. Compreenda que “ter que” é uma débil tentativa para adquirir controle e domínio sobre um mundo perigoso.
- Pensar a Preto e Branco: “Nunca mais serei feliz”. Aprenda a tolerar alguma ambiguidade na sua vida, a reconhecer que uma decisão impulsiva, se errada, apenas cria mais problemas.
- Chamar Nomes: “Sou estúpido”; “Sou demasiado gordo”. A alternativa saudável é ser duro e dizer a si próprio que chamar nomes não é permitido. Pare de se torturar. Não compensa.