A psicoterapia infantil tem como objectivo ajudar a criança, bem como os pais e/ou cuidadores, quando se vêem abraços com alguma dificuldade, que possa estar de algum modo, a comprometer o desenvolvimento emocional, comportamental, intelectual ou social da criança.
O objectivo do terapeuta infantil e da psicoterapia, não tem como pretensão “corrigir” crianças, nem torna-las bem-educadas, e muito menos que elas cumpram todas as expectativas dos adultos com quem convivem. Neste sentido, o sublime objectivo da psicoterapia, pretende que a criança se vá realizando como “pessoa”, e que vá desenvolvendo as suas potencialidades e os seus próprios valores.
Deixo-lhe a anotação de alguns problemas específicos, nos quais a intervenção psicológica apresenta, uma elevada eficácia comprovada, no tratamento dessas mesmas problemáticas:
Comportamento Agressivo– o comportamento agressivo apresenta-se frequentemente associado a sentimentos de ira, rejeição, insegurança, ansiedade, mágoa, sentido de identidade difuso, fraca auto-estima e incapacidade de expressão emocional.
Zanga– é geralmente entendida como o bloqueio mais profundo que impede a noção de totalidade e bem-estar da criança, que esconde usualmente um sentimento de mágoa. A energia despendida para a contenção da zanga, pode desencadear contracções musculares e dores (de cabeça, barriga, no peito), pode ainda inibir a capacidade de concentração e originar comportamentos inadequados.
Hiperactividade – frequentemente é uma problemática associada a dificuldades de aprendizagem, competências perceptivas diminuídas e/ou dificuldades de coordenação motora. Os estímulos do ambiente podem desencadear na criança confusão, estas características provocam respostas por parte dos pares e adultos que contribuem para a manutenção das dificuldades e, muitas vezes, levam a uma baixa auto-imagem.
Timidez– geralmente a criança só vem a terapia quando este comportamento adquire proporções maiores (criança não fala ou sussurra, não experimenta coisas novas, solitária, sem amigos).
Medos– os medos podem resultar de situações traumáticas ou de uma sensação de fraqueza, impotência ou desprotecção (da própria criança ou de outro a quem a criança gostaria de poder cuidar).
Situações de Tensão/Trauma– exemplos de situações de tensão ou trauma podem ser: o divórcio dos pais, doenças graves, abuso sexual, acidente, catástrofes naturais, etc.
Sintomatologia Física– frequentemente, os sintomas físicos revelam uma necessidade que está a ser contida de expressar sentimentos ou necessidades, podendo manter-se como um pedido que a criança faz ao adulto (ex. atenção).
Insegurança – os sinais de insegurança, o toque e abraço excessivo, agrados excessivos, necessidade constante de aprovação, tranquilização por parte do adulto, podem ser indício de uma criança que sente que a sua “existência” depende essencialmente de um estado de confluência com o outro. A criança com estas características não se permite experienciar a sua capacidade de se zangar, discordar, porque teme a rejeição por parte do outro.
Isolamento– a criança que se isola, habitualmente quando surge em terapia, está relacionado com outros sintomas que também se manifestam, como teimosia e brigas, comportamento agressivo e anti-social, hiperactividade, fraco rendimento escolar, ou isolamento excessivo. A maioria das crianças que se isola, gostaria de se aproximar dos outros mas tem medo ou não sabe como fazê-lo. Então, é importante que a criança se sinta respeitada e aceite como é, na sua individualidade.
Auto-Estima; Auto-Conceito e Auto-Imagem– alguns comportamentos que podem denunciar uma baixa auto-estima, passam por: choramingar, pela necessidade de vencer, enganar em jogos, perfeccionismo, “gabarolice”, distribuir doces, brinquedos, procurar formas de chamar a atenção.
Em jeito de conclusão, o psicoterapeuta de crianças pode ser visto como um Eu auxiliar que é modelo, acompanha, guia e organiza o vivido no processo terapêutico, permitindo que a criança experimente novas formas de enfrentar os problemas, alcançando um maior grau de auto-apoio, autonomia na resolução das suas dificuldades e felicidade.