O processo de luto em psicoterapia
O tema da morte é tantas vezes camuflado por uma tentativa de seguir em frente, sem que seja abordado com a seriedade que impera, para ser possível ir ao encontro da felicidade e prevenir a elaboração de um “luto patológico”.
A morte continua a ser um acontecimento temível e assustador, e o medo da morte, bem como o de perder alguém amado, parece tratar-se de um medo universal, ainda que pensemos que o dominamos a muitos níveis.
Quando falamos de luto, estamos a fazer referência ao “vazio” que permanece depois de uma vivência de perda. Desde o nascimento que vamos criando vínculos afetivos, estes compõem-se de determinada quantidade e qualidade de afetos que podem ser avaliados como positivos ou negativos. Neste sentido, quando quebramos o vínculo (situação de perda) pode ser despoletada a frustração e desta surgir raiva e tristeza. Assim, o sofrimento e dor que ocorre da perda dependem do vínculo ou da avaliação que fazemos, bem como do nosso padrão de funcionamento para lidar com situações de perda.
Com frequência nega-se o doloroso sentimento despoletado pela perda, pois é tentador fugir da dor. O psicólogo no processo de despedida ou luto tem um papel fundamental de apoio. Este apoio pode implicar simplesmente “estar presente” como ser humano, testemunhando os acontecimentos, sentindo e demonstrando compaixão.
Segundo Zinker (1997) ser testemunha de alguém, neste contexto, significa:
- Permanecer com o processo da pessoa e ouvir.
- Não pressionar por resultados.
- Mostrar respeito pelo que estiver presente.
- Ver a utilidade e mesmo a beleza do modo de o outro expressar o seu luto.
- Permitir-se ser um terreno firme no qual o outro possa estar.
- A presença do terapeuta e seu testemunho permite que o outro veja o seu próprio processo, em vez de fugir de si mesmo, que tenha awareness da dor e da sensação de desamparo.
O psicólogo relembra, reconhece, fortalece, conforta e testemunha, raramente afirma a sua própria sabedoria ou o seu heroísmo. Viver a vida de forma satisfatória pressupõe o começar e acabar uma situação em cada aqui e agora, expressando os nossos sentimentos e as nossas emoções.
Tânia da Cunha
(Psicóloga Clínica/Psicoterapeuta)
Tlm: 96 756 44 20
E-mail: tania_cunha_@hotmail.com