Medo e Pânico! E agora?
Os medos são considerados patológicos quando começam a dominar todo o quotidiano, tornando-se difíceis de controlar. Neste sentido, surge a necessidade de distinguir entre um medo generalizado, dificilmente compreensível, e um medo concreto que aparece perante uma situação ou um determinado objeto.
O medo enquanto emoção adaptativa e necessária tem a função de nos proteger de “disparates” que poderiam ter más consequências. Se esta emoção não for adequadamente experimentada, não conseguimos cuidar de nós próprios e estaríamos expostos aos perigos de forma continuada.
Nem sempre é fácil determinar a verdadeira origem do medo. Muitas vezes trata-se de um medo difuso, ou flutuante, que domina tudo e controla completamente o nosso estado de espírito. O que acontece com frequência é que de pouco ou nada serve sabermos que esse medo não tem razão de ser, pois a sensação inexplicável permanece. Outras vezes, existe um motivo concreto, ao qual, em condições de saúde normais, não atribuíamos grande importância. Frequentemente, basta apenas uma ideia preocupante, como por exemplo pensarmos que pode acontecer algo de negativo a um ente querido.
Numa situação de Pânico, todo o corpo reage. A inquietação interior e o medo podem dar origem a crises de pânico. Estes podem manifestar-se sob a forma de uma ou mais crises diferentes e completamente inesperadas. Isto significa que podem surgir independentemente de uma situação determinada. Tais crises de pânico são muitas vezes vividas como um medo de morte, trazendo consigo diversos sintomas físicos:
o Falta de ar, que pode ir até à sensação de asfixia;
o Vertigens, ou seja, a sensação de que o chão oscila;
o Opressão no peito e aceleração do ritmo cardíaco;
o Tremores por todo o corpo;
o Aumento da sudação;
o Sensação de angústia;
o Náuseas e/ou vómitos e dores gastrointestinais;
o Sensação de formigueiro (parestesias);
o Medo de enlouquecer e de perder o autocontrolo.
O ponto crucial no tratamento da Perturbação de Pânico reside em não errar o diagnóstico. Quem sofre de pânico encontra-se muitas vezes preocupado com o facto de os sintomas somáticos poderem ser manifesto de doença física grave (por exemplo ataque de coração).
O trabalho terapêutico com os medos pode passar por o desvendar um rosto ao medo, identificá-lo, ainda que possa sentir uma vulnerabilidade indesejável ou até mesmo refém dos seus fantasmas. Um medo sem rosto tem a capacidade de nos paralisar e confundir.
Na presença de um psicoterapeuta é possível redimensionar a experiência do medo, correndo o risco de entrar em contacto com esta emoção inevitável. Este trabalho implica deparar-se com algumas estratégias de sobrevivência inadequadas actualizando-as no aqui e agora da sua vida.
A título de exemplo explicativo, algumas intervenções podem envolver os seguintes componentes terapêuticos:
- Psicoeducação – informação e educação acerca do início e desenvolvimento da perturbação de pânico, modelos cognitivos da perturbação e métodos de tratamento.
- Treino de competências para lidar com sintomas de ansiedade: controlo respiratório, treino de relaxamento, estratégias de prevenção de recaída. Com o treino da respiração pode diminuir a hiperventilação e compreender que muitos dos seus sintomas são fruto da relação entre o oxigénio e o dióxido de carbono na circulação.
- Terapia cognitiva para reestruturação e modificação das crenças disfuncionais associadas ao medo das sensações corporais. As abordagens cognitivas ajudam a compreender com maior clareza as sensações físicas.
- Exposição às sensações somáticas temidas. As abordagens comportamentais encorajam à exposição das situações que provocam as crises de pânico, hiperventilação e outros sintomas somáticos.
Tânia da Cunha
Psicóloga Clínica – Psicoterapeuta
Telemóvel: 967564420
E-mail: tania_cunha_@hotmail.com