Psicoterapia: aceita o desafio?
A tendência para evitar o desafio está tão omnipresente nos seres humanos que pode ser considerada uma característica da natureza humana. Assim, submetermo-nos a um processo de psicoterapia, pode, em certa medida implicar uma boa dose de coragem.
A psicoterapia pode ser percecionada como uma forma limite de nos abrirmos ao desafio. Grande parte das pessoas procura apenas “alívio”. Quando percebem que vão ser desafiados, mas também apoiados, muitos fogem, e outros sentem-se tentados a fugir.
É possível conseguir o desenvolvimento pessoal sem recorrer à psicoterapia, mas a tarefa é muitas vezes desnecessariamente aborrecida, longa e difícil. No processo de psicoterapia, não há magia, não há dons, não há palavras de mágica, apenas trabalho “duro” – trabalho “duro” que compensa.
O processo de crescimento decorre normalmente de forma muito gradual, com pequenos saltos múltiplos para o desconhecido. Estes saltos rumo à independência e autodeterminação, podem ser dolorosos em qualquer idade e exigem coragem, no entanto são resultado não raro de psicoterapia. Dada a grandeza dos riscos envolvidos que implica crescer, caminhar rumo à autonomia e independência, exige muitas vezes a psicoterapia, não porque a terapia diminua o risco, mas porque apoia e ensina a coragem.
Uma pessoa verdadeiramente autónoma (re) descobre três capacidades: consciência, espontaneidade e intimidade.
- A pessoa consciente conhece-se a si própria, conhece o seu passado, o que lhe permite uma vivência integral do que acontece aqui e agora.
- A pessoa espontânea opta. É livre para escolher as atitudes que considera construtivas e rejeitar todas aquelas que impedem a sua autonomia pessoal.
- A pessoa autónoma não teme ser autêntica para si própria e para os outros. É capaz de experimentar ternura, carinho e afeição. A intimidade não a assusta.