Conviver com o medo!
Muitas são as pessoas que se sentem receosas durante grande parte da sua vida. O medo é uma das emoções mais embrutecedoras. Pode paralisar-nos e impedir-nos de continuarmos, ou até mesmo apavorar-nos, levando-nos a fugir. Um medo patológico corresponde a um alarme desmesurado, tanto na sua ativação como na sua regulação. Se é desencadeado com demasiada frequência e com níveis de perigosidade muito baixos, o aparecimento do medo é demasiado forte, sem flexibilidade, um mecanismo tudo-nada.
Conhecer o mecanismo dos medos pode ajudar a faze-los desaparecer ou, pelo menos, a controlá-lo mais facilmente. Neste sentido, deixo-lhe algumas sugestões que podem facilitar a convivência com o medo:
Experimente distinguir os medos amigos dos medos inimigos. Os amigos alertam-nos do perigo para nos libertarmos dele, não para entregarmo-nos nas suas mãos. Preparam-nos para desafiar e arriscar, os inimigos desencorajam-nos para que não o façamos.
Fortaleça-se. A solução para enfrentar o medo é diminuir o perigo ou aumentar os recursos pessoais. Experimente começar por preparar o organismo para a “batalha”. O medo emerge da biologia, embora não se reduza a ela. Está demonstrado que o exercício físico é um antídoto para a angústia. Proporciona, além disso, uma nova relação com o corpo e com as sensações que dele precedem. Aumenta a tolerância ao esforço.
Fale consigo próprio como se fosse o seu treinador. O modo como conversamos connosco e a influência que esse outro íntimo com quem conversamos tem no nosso estado de ânimo, permite-nos aceder ou não às fontes da nossa energia.
Desmascare as crenças que fortalecem o medo. Para isso, tenha presentes duas coisas: primeiro, que as técnicas para diminuir o estímulo perigoso são a dessensibilização imaginária ou real (expor-se gradualmente, ao vivo ou em imagem); segundo, que as crenças erradas são o cavalo de Troia de que serve o medo para entrar em si. É preciso detetar essas crenças, criticá-las, discuti-las, pô-las a um canto, e substituí-las por outras crenças adequadas.
Lembra-se que não é o seu medo. Uma das artimanhas mais traiçoeiras usadas pelo medo para debilitar a nossa força é o facto de nos identificarmos com ele e de nos sentirmos envergonhados. Isso condena-nos ao silêncio e secretismo que nos impede de procurar ajuda. Combater o medo sozinho, pode ser difícil! Nesse caso, procure ajuda. As redes de apoio afetivo são a melhor solução para muitos dos nossos problemas, incluindo o medo.