Antes de criticar, espere…
Que fazer quando precisamos de criticar alguém? Sempre que criticamos alguém, estamos essencialmente a dizer-lhe, “Tu não tens razão, eu tenho”. O ato de criticar não surge com facilidade, pode conter algum potencial de arrogância. Mas a realidade da vida é tal que, por vezes, uma pessoa sabe mesmo melhor do que a outra o que é bom para ela, e está de facto numa posição de conhecimento ou sabedoria superiores, relativamente ao assunto em causa.
Quer a crítica seja justa ou injusta, a situação requer algum cuidado, e que poderá tratar-se de uma condição desconfortável tanto para quem critica como para quem é criticado. No entanto, ignorar os aspectos negativos que carecem de ser corrigidos também não é eficaz.
A crítica assume um papel importante, quando o seu objetivo é educativo, que contemple a intenção de corrigir uma situação em particular e não como forma de pura expressão de agressividade, ou manifestação de “poder”.
Podemos referir que existem duas formas de criticar: com a certeza espontânea e instintiva de que se tem razão, ou acreditando que provavelmente se tem razão depois de auto análise cuidadosa. A primeira é a via da arrogância; é a forma mais vulgar adoptada por algumas pessoas no seu dia-a-dia; não é normalmente bem-sucedida, porque causa mais ressentimento do que desenvolvimento e crescimento. A segunda é a via da humildade; não é comum; exigindo uma extensão genuína de si próprio; tem mais probabilidade de ter êxito e nunca é, de acordo com a experiencia, destrutiva.
Tenha presente que criticar não é sinónimo de julgar. Os juízos que algumas vezes somos tentados a fazer geralmente envolvem uma crítica indirecta e destrutiva que arruína qualquer atitude de auto-aceitação e auto-estima do outro.
Quando alguma coisa lhe desagrada, não tem de esperar que os erros se avolumem para criticar. Esta é uma situação que pode despoletar a perda de controlo e que as suas críticas possam se tornar destrutivas. Nesta linha de raciocínio, deixamos-lhe algumas sugestões em ter conta na hora de criticar:
- Não utilize os erros do passado – é prova de desconfiança na capacidade de o outro evoluir.
Dirija a crítica ao que a pessoa fez e não àquilo que a pessoa é. - Não utilize “sempre, nunca… todos os dias” – estas expressões constituem generalizações abusivas e bloqueiam a possibilidade de mudança.
- Sempre que precisar de criticar um comportamento, relembre outros que valoriza.
- Centre-se nos factos – isso torna a crítica mais inofensiva e permite que o outro o oiça melhor, aumentando as possibilidades de mudança.
Em última análise, e a título de curiosidade, por detrás de uma atitude crítica constante pode habitar alguém que revela pouco amor por si próprio e torna-se um “perito” na crítica aos outros, descobrindo e apontando os defeitos de quem está à sua volta. Claramente, estas acusações são sempre auto acusações, embora não o perceba, projecta nos outros as características que rejeita em si próprio.